São 10 horas da manhã, você está sentado em um cubículo, olhando o tempo passar. É um daqueles dias normais, nada de importante acontece. É possível que você esteja entre a quarta ou quinta xícara de café, sua desculpa social para caminhar pelo escritório sem fazer nada e ninguém achar que está enrolando."> São 10 horas da manhã, você está sentado em um cubículo, olhando o tempo passar. É um daqueles dias normais, nada de importante acontece. É possível que você esteja entre a quarta ou quinta xícara de café, sua desculpa social para caminhar pelo escritório sem fazer nada e ninguém achar que está enrolando."> São 10 horas da manhã, você está sentado em um cubículo, olhando o tempo passar. É um daqueles dias normais, nada de importante acontece. É possível que você esteja entre a quarta ou quinta xícara de café, sua desculpa social para caminhar pelo escritório sem fazer nada e ninguém achar que está enrolando.">

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21
maio
2015

O que as pessoas que tanto nos fascinam com seus talentos fazem para aprender e ser boas no que se propõem?

Este artigo extraido do site Papo de Homem, do Autor Alberto Brandão vai fazer você repensar sobre seus conhecimentos e suas vontades!
 

São 10 horas da manhã, você está sentado em um cubículo, olhando o tempo passar. É um daqueles dias normais, nada de importante acontece. É possível que você esteja entre a quarta ou quinta xícara de café, sua desculpa social para caminhar pelo escritório sem fazer nada e ninguém achar que está enrolando.

É nessa hora que você começa a passear pelo interminável buraco negro da timeline no Facebook. Enquanto rola a lista infinita, acaba vendo algum vídeo ou foto interessante, algo – raro – que realmente chama sua atenção. Pode ser alguém tocando guitarra, andando de patins ou lutando com confiança. Poderia ser qualquer coisa mesmo, um origami, uma pintura, um texto delicioso ou um japonês montando um cubo mágico em 5 segundos. Entre o misto de admiração e alegria, surge um pensamento solto, como um fio de linha numa blusa de lã.

“Eu queria ser bom em alguma coisa.”

Sem nem perceber passa a puxar o fio, desfazendo a ideia e se remoendo sobre todas as tentativas de ser bom em alguma coisa.

Aquela aula de dança que não rolou, aquele ukulele que parecia muito mais fácil no vídeo do Youtube do que quando comprou e, por isso, ficou um ano encostado na sala de casa.

 
É ai que você devolve o copo para mesa e se pergunta, como eu faço pra ser bom em alguma coisa?

Entendendo o que é ser bom em algo

Quando levantamos a dolorosa questão de como podemos ser bom em alguma coisa, precisamos entender com precisão o que isso significa para nós, para não nos perdemos no meio do caminho.

Malcolm Gladwell em seu popular trabalho Outliers, jogou no ventilador a teoria das 10 mil horas. A ideia incorreta de Gladwell cresceu em proporções inimagináveis. O que era um estudo dizendo que músicos e atletas de alta performance tinham em média todo esse tempo de prática, virou o postulado “São necessárias 10 mil horas de prática para se tornar um especialista”, que na boca do povo agora simplesmente quer dizer: “Você precisa de 10 mil horas para aprender alguma coisa”.

Essa noção vem se espalhando, trazendo a impressão de que é necessário muito mais tempo e esforço para aprender qualquer coisa do que realmente é, e obviamente, impedindo que pessoas ao menos considerem tentar.

 

Quando você se matricula na aula MMA, seu plano não é ser o próximo Anderson Silva – tirando quando você realmente pretende ser competidor de alto nível – seu objetivo será apenas começar a treinar, conseguir executar os golpes, derrubar o oponente e ter fôlego para resistir durante os 5 minutos de uma luta. O problema é que seu referencial ao longo das outras semanas começa a mudar. O que seria suficiente para você, agora, não parece mais tão interessante.

Alguém que queria simplesmente fazer uma atividade física, curtir um esporte e dar uns socos, agora conhece 30 caras melhores. Nosso personagem provavelmente alcançaria o nível imaginado numa média de 4 meses, treinando 1 hora por dia, três vezes por semana. Ele não seria o melhor da academia e nem mesmo ganharia das pessoas que treinam há mais tempo que ele, mas certamente teria uma visualização confortável do seu objetivo na luta, entenderia os golpes que pode usar e um conjunto – limitado – de técnicas que o permitam se desenvolver numa luta básica. Em comparação com um leigo, nosso praticante seria um bom lutador.

Ser bom em algo só funciona quando apontamos um referencial claro, mas quando mudamos esse ponto diariamente, fica fácil concluir que não existe progresso. Pior ainda, as pessoas que não fazem parte do contexto tentarão impor novos referenciais ainda mais altos.

Perguntarão, antes mesmo de completar 2 meses de treino, se você lutaria no UFC, se conseguiria ganhar do José Aldo, se sabe dar aquele golpe avassalador que viralizou no Youtube e por aí vai. Sua barra, que era simples e possível, agora faz você realmente acreditar que são necessárias 10 mil horas para ser bom em alguma coisa.

Eu treino numa academia onde mais da metade dos frequentadores são fisiculturistas em algum nível, seja profissional, amador ou entusiasta. Eu não quero ficar grande, fortão. No geral tenho o corpo que gostaria de ter, treino para manter e fazer experimentos de ganho de força, velocidade e outras características que, naquele contexto, só importam para mim. Infelizmente, acabo contaminado pela atmosfera das pessoas ao meu redor.

É muito comum chegar de um treino, abrir uma planilha e começar meu planejamento para ganhar volume. É muito fácil perder o foco do que você realmente quer alcançar quando está constantemente sendo direcionado para outro lugar. Não são poucas as vezes que preciso me lembrar, “cara, qual é seu propósito aqui? então relaxa”. Se é difícil para alguém que faz isso há uma década, quem dirá para alguém que caiu de paraquedas num mundo completamente novo?

Se você não faz algo, não sabe muito sobre aquilo e decidiu se arriscar, lembre-se disso: Ser bom é conseguir desenvolver o roteiro básico com confiança. Nada além disso.

Josh Kaufman tem um livro chamado “As 20 primeiras horas”, onde, indignado com a ideia de que seriam necessárias 10mil horas para aprender algo novo, resolveu fazer sua própria pesquisa.


Kaufman encontrou que, na verdade, ficamos muito bons com pouquíssimas horas de prática. mas que em determinado ponto, a curva de aprendizado vai se tornando mais acentuada, sendo necessário muito mais horas para melhorar.

A teoria é de que independente do que for, se você dedicar não mais que 45 minutos por dia de prática, em um mês você será razoavelmente bom naquilo.

A vergonha e o medo inicial

Nada é fácil de começo. Você pode até encontrar uma predisposição, um certo talento, mas tudo exigirá uma curva de aprendizado, um período que não apenas te deixa envergonhado, mas aflora o grande medo de falhar.

Falhar nunca é bom e certamente não parece legal começar algo pensando que não vai funcionar, certo? Não exatamente.

Sabemos que somos ruins no começo de tudo, mas nos recusamos a aceitar isso. Se eu nunca pintei com pincel e aquarela, não posso esperar que na primeira tentativa eu crie algo minimamente aceitável. É óbvio que existem exceções, mas normalmente não somos nós, os casos comuns. Devemos esperar que as primeiras horas sejam terríveis, desconfortáveis e muitas vezes ridicularizantes. Aprender qualquer coisa exige passar pelo processo de reconhecimento, de associação de sentidos, caso contrário não existiria aprendizado.

É nesse ponto que a maioria de nós desiste de fazer qualquer coisa. Quando tentamos fazer o primeiro exercício de matemática e não conseguimos, quando escutamos a primeira audioaula de inglês e não entendemos nada do que foi dito ou, até mesmo, quando chegamos na academia sem nunca ter treinado e broxamos quando o cover do Schwarzenegger aparece levantando 100kg a mais do que a gente. Por algum motivo, nos recusamos a aceitar que precisamos começar de algum lugar e que esse lugar tem grandes chances de ser desconfortável.

É crucial aceitar que não temos como nos comparar com ninguém a não ser a gente. Que cada caso é único, que todos ali passaram por aquilo, até mesmo os que não lembram.

Durante os últimos anos eu quis me tornar bom em jogos online, desenvolvendo um certo esforço para isso. Durante essa fase inicial de vergonha, muitas vezes alguém tentava me ofender do outro lado do vídeo game: “Seu iniciante! Você é muito ruim!”, minha resposta não poderia ser outra, a não ser: estranho seria se fosse diferente.

Abrace sua causa e tenha orgulho disso

Uma das coisas que nos impede de desenvolver nossa capacidade de ser bom em algo, é o medo de entrar de cabeça. Não digo largar tudo e fazer só uma coisa, mas se deixar envolver emocionalmente com o assunto.

Sempre fui muito, muito ruim em física e matemática, falo isso com convicção. Mas me entreguei à ideia de fazer um novo curso e decidi me envolver com todo tipo de conteúdo possível sobre o assunto.


Em pouco tempo eu passei a conviver com tantos termos, ideias e conceitos, simplesmente por estar sempre lendo sobre curiosidades, vendo vídeos e pesquisando histórias, que qualquer pessoa que não faz parte desse meio consideraria que eu sou excelente nisso.

Ao decidir, por exemplo, aprender um idioma novo, inscreva-se em páginas do Facebook sobre o estudo do idioma, acesse sites, jornais, compre livros, quadrinhos e tudo o que puder no idioma desejado, mesmo que por muito tempo você só entenda algumas palavras.

Com a prática, as outras coisas que você não entende ainda, se tornaram padrões claros no futuro.

Se uma palavra aparece várias vezes, esse padrão se torna comum para você, mesmo que não entenda o que ela signifique agora. Depois de tanto ser exposto, saber o significado dela será um simples fato para compreender melhor seu uso.

O exemplo do idioma serve para qualquer coisa. Muitas vezes temos vergonha de parecer bobo diante das outras pessoas, mas isso não deveria importar muito, basta colocar na conta das horas de vergonha inicial.

Quem me conhece sabe que sou um fanático por aprender coisas novas, que estou o tempo todo entrando em campos diferentes, aprendendo e imergindo em conteúdos variados. As pessoas se acostumam e, quando você perceber, terá se tornado referência do assunto para muitas delas.

Essa nossa vergonha vem de ouvir as pessoas dizerem que “foi só uma moda”, como se não pudéssemos experimentar coisas novas, não gostar e passar para outra. Para quem não tenta, é fácil julgar e achar que só porque imergimos em algo somos obrigados a nos prender para sempre naquilo.

Assuma um método

Não é apenas sair praticando de qualquer jeito por aí, por 20 horas, que vai fazer você ficar bom em algo, um pequeno método é necessário para que esse número seja o mais próximo do real.

O método abaixo é sugerido por Josh Kaufman em seu livro.

1. Desconstrua

Toda prática é a união de pequenas habilidades que podem ser separadas. Tocar violão é conhecer os acordes mais comuns, entender como eles se combinam, saber como bater as cordas e conseguir ler esses acordes. Lutar Muay Thai é um conjunto de posicionamento das mãos, movimento dos pés, postura, golpes e estratégia.

Ao separar esses elementos, você consegue treiná-los separadamente e combiná-los futuramente, tornando o seu aprendizado mais eficiente e menos confuso.


2. Autocorreção

Procure observar pessoas melhores que você executando o que pretende fazer. É imprescindível entender como uma execução perfeita funciona e, a partir disso, conseguir corrigir falhas e erros sozinho. Eu venho treinando levantamento de peso olímpico e, para isso, gasto horas observando vídeos em câmera lenta para entender como é a exata postura dos levantadores profissionais em comparação aos meus próprios vídeos em câmera lenta.

Envio meus vídeos para amigos instrutores de levantamento e inicio um intenso processo de teste, observação e ajuste. Este tipo de observação pode ser mais delicado ou mais simples dependendo do que queremos aprender, mas aprender o suficiente para se autocorrigir é a chave do aprendizado.

3. O complexo falha

Um dos motivos que falhamos ao tentar aprender algo novo é a complexidade de começar a praticar. Para treinar guitarra, eu preciso desenrolar meus cabos, tirar meu amplificador que está guardado atrás da mesa, ligar todo o conglomerado de cabos na pedaleira, dar mais uma limpada na guitarra, afinar (as vezes até trocar a corda) e, aí sim, tocar. Nisso, 40 minutos se passaram apenas preparando o terreno.

Da próxima vez que for treinar, já terei preguiça só de lembrar do processo. Por isso, se quero treinar guitarra, deixo tudo pronto e ligado, num lugar onde não vá incomodar ninguém. Reduzindo os passos a simplesmente sentar e tocar. Tente remover barreiras e simplificar as coisas.

4. Treine por pelo menos 20 horas

Persista por, pelo menos, esse tempo. Vai ser difícil e vai exigir um pouco de resistência emocional, mas não se deixe abalar. Se quiser, compre um caderninho e anote quantas horas praticou naquele dia, todos os dias até completar as 20 horas.

Depois disso, se não estiver razoavelmente bom no que tentou, pode vir compartilhar seus problemas nos comentários.

Você não vai ser o melhor

Não mesmo. Mas isso também não importa.

Você não precisa ser o melhor em nada para ter alguma relevância e ser considerado bom no que faz.

 

 

Nirvana foi uma banda que marcou sua época, existindo atualmente poucas que podem se igualar em termos de impacto. Agora se formos comparar o nível técnico dos músicos do Nirvana com qualquer outra banda, vamos ver que nenhuma música exige mais do que suas 20 horas de prática para serem tocadas. No entanto, conheço inúmeras bandas de músicos extremamente mais técnicos, que não causaram impacto algum, nem sequer se tornaram conhecidas.

Os Beatles estavam longe de ser os melhores músicos em cada um dos instrumentos que tocavam, mas também deixaram sua marca.

E. L. James e Stephanie Meyer são extremamente criticadas por não serem boas escritoras, mas juntas venderam mais livros do que praticamente todos os autores brasileiros, salvo raríssimas exceções.

Julgamentos qualitativos a parte, ser bom significa fazer algo com o pouco que sabe, mesmo que esse pouco seja bem básico. O que gera fascínio é a capacidade de aplicação desse aprendizado.