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10
outubro
2013

Nunca tantos brasileiros tiveram acesso ao ensino superior, mas isso não tem se refletido em produtividade ou qualidade profissional.

Os números sobre o acesso ao ensino de nível superior no Brasil só fazem aumentar. Na última década, o número de matrículas no ensino de terceiro grau no Brasil dobrou. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Domicílio (Pnad) divulgados pelo IBGE há alguns dias, somente entre 2011 e 2012 quase 900 mil brasileiros receberam um diploma de curso superior.

Outro número que chama a atenção é o crescimento do número pós graduados no Brasil. O número de mestres e doutores formados pelas universidades brasileiras mais que quadruplicou em 15 anos, passando de 13.219 em 1996 para 55.047 em 2011 (aumento de 312%), segundo dados do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Era de se esperar que esses números inéditos no campo da qualificação refeletissem em aumento da produtividade e da competitividade das empresas brasileiras, mas não é o que está acontecendo. A chamada "Geração do Diploma" está chamando a atenção do mercado, porém de forma negativa.

Veja, por exemplo, o que diz Rafael Lucchesi, diretor de educação e tecnologia na Confederação Nacional da Indústria (CNI):

“Mesmo com essa expansão, na indústria de transformação, por exemplo, tivemos um aumento de produtividade de apenas 1,1% entre 2001 e 2012, enquanto o salário médio dos trabalhadores subiu 169% (em dólares)." (Rafael Lucchesi)

O mercado e os empresários começaram a perceber que ter um diploma de cursos superior significa muito pouco em relação à competência e à qualificação de um profissional, o que pode ser muito ruim para quem de fato tem as qualidades necessárias para acessar o mercado de trabalho e acaba tendo mais dificuldade para conquistar um emprego ou crescer na carreira. Segundo José Pastore, sociólogo e especialista em relações do trabalho da Faculdade de Economia e Administração da USP, a maioria dos recém formados não conseguem demonstar as competências mais comumente exigidas por quem contrata:

"Os empresários não querem canudo. Querem capacidade de dar respostas e de apreender coisas novas. E quando testam isso nos candidatos, rejeitam a maioria." (José Pastore)

Embora existam no mercado um grande contingente de diplimados, quando buscam mão de obra qualificada as empresas têm percebido que, nesse caso a quantidade não é sinônimo de qualidade. Segundo um estudo feito pelo grupo de Recursos Humanos Manpower, entre 38 países pesquisados o Brasil é o segundo mercado em que as empresas têm mais dificuldade para encontrar talentos, atrás apenas do Japão. A empresa de recrutamentos DMRH, por exemplo, revela que, embora avalie milhares de candidatos, não consegue encontrar um número sufuciente de profissionais competentes para preencher todas as vagas. Veja o que diz Maíra Habimorad, vice-presidente da empresa:

"Cadastramos e avaliamos cerca de 770 mil jovens e ainda assim não conseguimos encontrar candidatos suficientes com perfis adequados para preencher todas as nossas 5 mil vagas. Surpreendentemente, terminanos com vagas em aberto." (Maíra Habimorad)

Um dos fatores que explicam isso é que a taxa de desemprego no Brasil nunca esteve tão baixa. Apenas 6% das pessoas que procuram emprego, não encontam. Mas segundo um estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), os brasileiros com mais de 11 anos de estudo representam 50% desse contingente de desempregados. Isso mostra que estudar anos e anos não basta para quem quer consuitar um espaço no mercado de trabalho.

"Mesmo com essa expansão do ensino e maior acesso ao curso superior, os trabalhadores brasileiros não estão conseguindo oferecer o conhecimento específico que as boas posições requerem." (Márcia Almstrom, grupo Manpower).

Três causas para o problema

Os especialistas apontam três causas para esse problema.

  1. A baixa qualidade das instituições de ensino superior,
  2. A postura equivocada adotada por muitos jovens recém formados e
  3. O desalinhamento entre o foco dos cursos mais procurados e as necessidades do mercado.

1) A baixa qualidade das instituições de ensino superior

Com a alta procura por cursos superiores, nos últimos 10 anos foi necessário aumentar as vagas em universidades. Impossibilitado de absorver toda essa demana no sistema público, o caminho adotado pelos governos tem sido o de facilitar a criação de instituições privadas de ensino superior. Os números de novos estabelecimentos do tipo criadas nos últimos anos mostra como os empresários consideram esse setor promissor. Em 2000, o Brasil tinha pouco mais de mil instituições de ensino superior. Hoje são 2.416, sendo 2.112 particulares.

"Ocorre que a explosão de escolas superiores não foi acompanhada pela melhoria da qualidade. A grande maioria das novas faculdades é ruim." (José Pastore)

Tristan McCowan, professor de educação e desenvolvimento da Universidade de Londres, concorda. Ele estuda já mais de uma década o sistema educacional brasileiro acredita que alguns desses cursos universitários talvez nem pudessem ser classificados como tal.

"São mais uma extensão do ensino fundamental. E o problema é que trazem muito pouco para a sociedade: não aumentam a capacidade de inovação da economia, não impulsionam sua produtividade e acabam ajudando a perpetuar uma situação de desigualdade, já que continua a ser vedado à população de baixa renda o acesso a cursos de maior prestígio e qualidade." (Tristan McCowan)

2) Postura, experiência e comportamento

A segunda razão apontada para a decepção com a geração de diplomados estaria ligada a “problemas de postura” e falta de experiência de parte dos profissionais no mercado. Marcus Soares, professor do Insper, aponta que essa postura equivocada está ligada a algumas características tipicamente encontrada nas gerações mais novas, especialmente naquela chamada de Geração Y.

“Muitos jovens têm vivência acadêmica, mas não conseguem se posicionar em uma empresa, respeitar diferenças, lidar com hierarquia ou com uma figura de autoridade. Entre os que se formam em universidades mais renomadas também há certa ansiedade para conseguir um posto que faça jus a seu diploma. Às vezes o estagiário entra na empresa já querendo ser diretor.” (Marcus Soares)

3) Desalinhamento entre as necessidades do mercado e os cursos mais procurados

Os especialistas dizem que no Brasil, algumas carreiras possuem uma "tradição baicharelesca", ou seja, algumas profissões passaram a fazer parte da cultura do brasileiro e da tradição das famílias e acabam sendo as mais escolhidas pelos jovens no momento de decidir qual curso superior fazer. Contudo, nem sempre essas carreiras tradicionais, como administração, direito ou pedagogia, representam as melhores oportunidades de carreira, ou a maior necessidade do mercado em dado momento. Atualmente, por exemplo, a demanda do mercado está muito mais aquecida para carreiras ligadas às ciências exatas, como a engenharia, por exemplo, como diz Gabriel Rico, diretor-executivo da Câmara Americana de Comércio (Amcham):

“O Brasil precisa de mais engenheiros, matemáticos, químicos ou especialistas em bioquímica, por exemplo, e os esforços para ampliar o número de especialistas nessas áreas ainda são insuficientes.” (Gabriel Rico)

Ele também aponta que no Brasil, há uma valorização excessiva dos cursos superiores em detrimento dos cursos de nível técnico.

“É bastante disseminada no Brasil a ideia de que cargos de gestão pagam bem e cargos técnicos pagam mal. Mas isso está mudando – até porque a demanda por profissionais da área técnica tem impulsionado os seus salários” (Gabriel Rico)

Rafael Lucchesi, que além de diretor da CNI também é diretor-geral do Senai (Serviço Nacional da Indústrica), que oferece cursos técnicos, concorda:

"Temos uma tradição cultural baicharelesca, que está sendo vencida aos poucos." (Rafael Lucchesi)

Fonte: BBC

A Inovação Consultoria e Treinamento se preocupa em oferecer oportunidades de qualificação que contribuam para desenvolver justamente essas competências e habilidades que faltam inclusive em muitos cursos de nível superior. Nossa missão é contribuir para o crescimento de nossa nação, partindo da juventude, através do desenvolvimento humano e empresarial, agregando valores e rompendo paradigmas. Por isso oferecemos treinamentos nas áreas de Liderança, Vendas e Oratória que vão de encontro à formação do jovem profissional e que estejam diretamente ligados às necessidades do mercado de trabalho.