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17
agosto
2015

Das frases proibidas em tempos de superinformação, a mais dramática, ofensiva e até surreal é: “não sei”. Especialmente se a pergunta for sobre a Dilma, a foto do Caetano de cueca com a Carla Peres, o movimento feminista e as dietas sem glúten. Não saber se você é do time vermelho ou azul, se o Caetano continua sendo incrível, se queima sutiãs ou chora ao receber flores ou se o pão-nosso-de-cada-dia se tornou o 11º pecado é digno de zombaria e rebaixamento para a categoria “em cima do muro”.

Somos obrigados a tomar partido de tudo dois segundos depois de quando qualquer coisa acontece. O Google substituiu a Barsa e desde então parece que buscar no papel a informação sobre qualquer coisa se tornou obsoleto. Deitar a cabeça no travesseiro antes de compartilhar uma bobagem no Facebook também.

Todo mundo opina sobre tudo e se informa sobre nada. Ao invés de percebermos que todo mundo é um pouco mocinho e outro tanto bandido, separamos o bem do mal por uma nova faixa de Gaza na internet: onde estar no território do não saber é ser disputado por um lado ou por outro aos gritos representados pelos likes e compartilhamentos.

A falta de opinião sobre tudo não é mais um território confortável, onde é possível viver em paz. Não sou engenheira pra saber se vai dar tempo de duplicar a BR no prazo, não entendo nada de futebol pra dizer se o Ronaldinho Gaúcho vai voltar à boa forma e não sou dentista para julgar a Bela Gil sobre a cúrcuma. Se souberem disso, a conversa se torna monólogo e a troca de ideias vira uma defesa de um ponto de vista que não é o meu, mas que vou fingir concordar para poder voltar a conversar sobre como o mundo funciona dentro de mim, não sobre como o Facebook me diz que tem que ser do lado de fora.

Deus que me livre se eu disser que o fulano pode até ser um bocó, mas tem os seus méritos. Se eu defender o funk, o sertanejo ou o pagode, significa que eu sou fã e a possibilidade de eu achar só que cada um deve gostar do que quiser e ponto final não existe. As opções são amar ou odiar, defender ou xingar. Não existe assumir a ignorância e perceber que é impossível ouvir sempre os dois lados para poder opinar sobre qualquer coisa.

Sobre Raul Seixas, por exemplo, tenho opinião. Não sou fã e deixo para os malucos belezas. Mas como eu adoro a vista de cima do muro, tenho até vontade de tatuar que é melhor ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

Fonte:marinamelz.wordpress.com